Amílcar Geração é um monólogo sobre o histórico líder do PAIGC, Amílcar Cabral. Aspetos da biografia de Cabral são misturados com aspetos do pensamento político do período, e enquadrados no contexto histórico das lutas independentistas. Trata-se da criação de um novo espetáculo partindo de um espólio documental que compreende cartas, escritos políticos, notas bibliográficas, material biográfico e iconográfico.

Na sua forma Amílcar Geração aproxima-se da performance no sentido em que é dada igual importância ao acontecimento real no palco e à representação teatral — o ator Ângelo Torres interpela Amílcar Cabral como se os dois ocupassem o mesmo tempo e o mesmo espaço. O espetáculo procura conjugar o ecletismo das formas da teatralidade contemporânea com a força expressiva dos contadores de histórias africanos — os griots, recorrendo a experiência e estilo sui generis do actor. Os temas são tratados de forma não cronológica e não narrativa privilegiando a ideia de que devem ser os temas e o seu potencial espetacular a guiar a ordenação do ‘texto’. O efeito pretendido é o de ‘evocação mágica de uma vida e de um pensamento’ e não o de biografia.